Febre em Crianças: Mitos e Verdades sobre Como Agir com Segurança
Poucas coisas são capazes de gerar tanta ansiedade e alarme nos pais quanto ver o número no termômetro subir. A febre é, de longe, um dos principais motivos que levam as famílias a buscar um atendimento de urgência pediátrica. No entanto, em meio ao medo e à preocupação, circulam muitos mitos e práticas populares que podem mais atrapalhar do que ajudar. É fundamental entender que a febre não é uma doença, mas sim um sinal, uma reação natural e benéfica do corpo que está combatendo uma infecção. Agir com calma, informação e segurança é o melhor caminho.
O que Realmente Importa na Avaliação da Criança com Febre
O número que aparece no visor do termômetro costuma assustar, mas, na grande maioria das vezes, ele não é o fator mais importante para definir a gravidade de um quadro. Uma febre de 39,5°C em uma criança que, mesmo medicada, continua ativa, brincando e aceitando líquidos, pode ser menos preocupante do que uma febre de 38°C em uma criança que está muito abatida, prostrada, que se recusa a beber líquidos ou não interage. O essencial é sempre observar o estado geral da criança. Se ela está muito irritada, sonolenta demais, ou se a febre vem acompanhada de outros sinais de alerta, como manchas na pele ou dificuldade para respirar, é hora de procurar uma avaliação médica.
Mitos e Verdades no Controle da Temperatura em Casa
Na hora do desespero, muitas práticas passadas de geração em geração são tentadas. É crucial saber o que realmente funciona e o que pode ser perigoso para a criança.
- Banhos Frios e Compressas com Álcool: MITO. Banhos gelados ou o uso de álcool na pele podem causar calafrios e tremores, fazendo com que a temperatura interna do corpo suba ainda mais como resposta, além do sério risco de intoxicação pela absorção do álcool. O banho deve ser sempre morno, para proporcionar conforto e ajudar a dissipar o calor gradualmente.
- Antitérmicos Previnem a Convulsão Febril: MITO. A convulsão febril, embora assustadora, é uma condição benigna que ocorre em crianças geneticamente predispostas devido à elevação rápida da temperatura, e não pelo seu valor absoluto. O antitérmico é utilizado para aliviar o mal-estar e o desconforto da criança, e não para prevenir a convulsão.
- Alternar Diferentes Medicamentos: CUIDADO. A prática de alternar diferentes tipos de antitérmicos (como paracetamol e ibuprofeno) não é recomendada de rotina pela maioria das sociedades de pediatria, pois aumenta significativamente o risco de erros de dose e de efeitos colaterais. O ideal é usar um único tipo de medicamento, seguindo a dose e o intervalo corretos, conforme orientação do pediatra.
- Febre Alta Sempre Indica Infecção Bacteriana Grave: MITO. Infecções virais simples e benignas, muito comuns na infância, podem causar febres altas. Por outro lado, infecções bacterianas mais graves podem se manifestar com febre baixa ou, em casos raros (especialmente em bebês pequenos), até sem febre (hipotermia).
A Segurança da Orientação Profissional e do Cuidado Personalizado
Lidar com a febre exige bom senso, observação atenta e tranquilidade. Meu trabalho, seja em um encaixe de urgência no consultório ou através do suporte via WhatsApp, é ajudar a família a atravessar esse momento com total segurança. Ao avaliar a criança para encontrar a causa da febre e ao orientar sobre o uso correto e racional dos medicamentos, transformamos a ansiedade em cuidado eficaz, garantindo o pronto restabelecimento e o bem-estar do nosso pequeno paciente.